Chico César
"[...]Quando Chover,deixa molhar."
18.2.11
...
Camila Paier
[...]
"A grande verdade é que, o tempo corre, e é minguado. Esgotado, sempre. Se damos nosso melhor, um passo e tanto para a vitória. Em recorde temporário. Caso nos encontremos com o prêmio de consolação no colo, por entre as mãos ou ao lado em uma sala de cinema, a sensação é tal a de perder não por incapacidade, e sim, por falta de ocasião.
Bom mesmo é crer que o perecível, se finda na hora exata: quando sua legitimidade termina. Alimentados de mistério e liberdade, identidade e maturidade, é de relacionamentos perenes que merecemos nos deliciar. Quem encontrar a mina de ouro, o brinde para a loteria, ou o caminho mais curto para a felicidade estável, conte. Espalhe. Chega de páginas puladas, e capítulos desordenados. A melhor mágica é poder descobrir o outro a cada dia, e se surpreender; o outro que pode ser o mesmo. Facetas, defeitos, manias, singularidades. Observar com atenção, e reinventar constantemente. É de início, meio e fim que nossas historietas precisam - nada de novelas intermináveis, com arroubos de ventura e agudas tristezas. Que seja válido enquanto dure."
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"A grande verdade é que, o tempo corre, e é minguado. Esgotado, sempre. Se damos nosso melhor, um passo e tanto para a vitória. Em recorde temporário. Caso nos encontremos com o prêmio de consolação no colo, por entre as mãos ou ao lado em uma sala de cinema, a sensação é tal a de perder não por incapacidade, e sim, por falta de ocasião.
Bom mesmo é crer que o perecível, se finda na hora exata: quando sua legitimidade termina. Alimentados de mistério e liberdade, identidade e maturidade, é de relacionamentos perenes que merecemos nos deliciar. Quem encontrar a mina de ouro, o brinde para a loteria, ou o caminho mais curto para a felicidade estável, conte. Espalhe. Chega de páginas puladas, e capítulos desordenados. A melhor mágica é poder descobrir o outro a cada dia, e se surpreender; o outro que pode ser o mesmo. Facetas, defeitos, manias, singularidades. Observar com atenção, e reinventar constantemente. É de início, meio e fim que nossas historietas precisam - nada de novelas intermináveis, com arroubos de ventura e agudas tristezas. Que seja válido enquanto dure."
14.2.11
Insista
Fabrício Carpinejar
Sempre insista. Fale mais do que seja possível pensar. Insista. Temos que ter a capacidade de superar as resistências. Toda primeira conversa enfrentará uma série de inconvenientes. Mas insista. Não recue com a gafe, com o estardalhaço, com a vergonha. Siga adiante. Comece a rir sozinha. Rir é receber a pergunta: o que você está rindo? Rir é ser perguntado. Não há motivo para rir, rir é se abraçar. Minha risada é meu gemido público. Acordar me deixa excitado. Talvez aquela amiga não queira namorá-lo para não estragar a amizade. Portanto, diga: quero hoje estragar nossa amizade. Estragar de jeito. Arruinar nossa amizade. Corromper nossa amizade. Estrague fundo, o amor pode estar recolhido nela. Mas não aceite tão rápido o que ela não acredita. É disfarce, vivemos disfarçados de normalzinho, de ponderado, de retraído, porque a verdade quando surge faz atitudes impensadas, como comer algodão-doce nesta terça-feira diante de uma escola de normalistas. Que saudades de acenar para uma freira dirigindo um fusca. Deus é uma freira dirigindo um fusca. Tenho saudades de me exibir cortando laranjas. As tiras simétricas, os cabelos loiros da laranjeira. Tenho saudade de passear com a minha laranjeira.
Não se explique, insista. Eu não vou ficar esperando alguém me salvar. Eu mesmo me salvo. Eu mesmo me arrumo para a loucura.
Insista. O apaixonado cria sua boca. Cria sua boca para cada boca. Caso tenha prometido ir atrás dele, vá. Telefone, ainda que atrasada dois anos da promessa. Volte atrás, não queria pensar com os olhos, a boca são olhos mais atentos.
Não se intimide ao encontrar seu homem no momento errado. É sempre o momento errado. Seja o momento errado da vida dele. Mas seja parte da vida dele. Seja o erro mais contundente da vida dele. Seja a vida do seu erro, para ele errar mais seguido.
Talvez aquele amigo não converse para manter a aparência de misterioso. Talvez ele nem saiba conversar, seja incompetente. Insista. Uma hora ele vai tomar um porre do seu silêncio, sentar no meio-fio e falar aramaico. Todo homem guardado uma hora fala aramaico. Insista, esteja perto para o sermão dos pássaros no viaduto. A vida mete medo quando ela não é formalidade, não temos como nos defender do que parte dos dentes. Tenha um medo assombroso da vida, que é mais justo, deixe a morte com ciúme e inveja, deixe a morte sem dançar.
Não fique articulando frases inteligentes, comoventes, certas. Insista. Sei o valor de uma fantasia, mas insista. Tropeçar ainda é andar, pedir desculpa ainda é avançar, concentre-se na dispersão. Ninguém quer falar com ninguém. Mas insista. Na sala do dentista, no trem, no ônibus, no elevador. Insista. O que mais precisamos é estranheza para reencontrar a intimidade. Não há nada íntimo que não tenha sido estranho um dia. Seja estranho com o ascensorista, com o porteiro do prédio, com a colega. Declare-se apaixonado antecipadamente. Depois encontre um jeito de pagar. Ame por empréstimo. Ame devendo. Ame falindo.
Mas não crie arrependimentos por aquilo que não foi feito. Sejamos mais reais em nossas dores.
Tudo o que não aconteceu é perfeito. Dê chance para a imperfeição. Insista.
Estou cansado de me defender - sou só ataque. Insisto
Caio Fernando Abreu
[...]
"Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde.Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais."
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"Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde.Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais."
10.2.11
Papel Antigo
Tai.
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Encontrei-te em antigos papéis.Ensinamentos antigos. Palavras partilhadas e sentimentos cúmplices.Encontrei-te aí.E em mais lado nenhum.Em mais lado nenhum.E sinto-te assim.Como um papel antigo.Guardado numa gaveta, com o qual me cruzo por acaso.Agora, neste instantes, estava a fazer planos.Como um papel antigo.Para descobrir de vez em quando.E mais nada.
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