17.12.12



[...]
 
Santa Cruz de La Palma, sol a pino, meio-dia.

Hoje vou ser breve, tenho pressa e alguns afazeres, mas tenho que te contar mesmo que em poucas linhas, ontem ocorreu algo que me fez perceber um cansaço, explico:

- O telefone tocou não lembro ao certo às horas e logo depois de desligar , chorei , um choro triste que a muito tempo não via e por um instante parei para pensar o real motivo dele e  percebi que entre o sal das lágrimas havia um cansaço .

“ Não, não é a primeira vez, nem a segunda que escutei aquelas palavras, mas descobri que  quero de coração latente que seja a última. Já perdi as contas de quantas pessoas eu já fui o amor da vida, de quantas vezes eu escutei " Vou te amar pra sempre " , MAS não estou pronta, não estou pronta para você, talvez daqui à pouco eu esteja, palavras sempre sinceras e doces, sem aquele tom de desculpas, sabe¿ Tudo isso me faz pensar se eu sou tão difícil assim como te disse naquela outra carta, mas isso é uma análise para depois. Eu sei que eu quero coisas tão simples, mas tão simples que se escondem aos olhos dos outros, deve ser isso então e prefiro pensar assim. O amor fica, a vontade passa, a saudade dorme, as escolhas permanecem e como não sei esperar continuo acreditando no meu deus,Sim, o Amor é meu Deus como diz a minha tatuagem em espanhol e espero/ quero que o próximo venha dotado de coragem ."

Como disse logo no começo , serei breve.

Um beijo com o um sorriso no canto da boca

Ps: Daqui a pouco é muito tempo pra quem tem fome .


T.A




6.10.11

Cartas.

Tai.



San José, Horas iguais, 1931

Sobre três encontros, três presentes e alguns cigarros...

Lembra da teoria da roda gigante com luzes coloridas que piscam? (posso ver o seu sorriso de canto de boca com a cabeça balançando dizendo: Nossa você cismou mesmo com isso) é por que de repente ela passou a fazer sentido como se a partir do momento que a criamos ela ganhou vida própria e personalidade forte. Tal como de repente chega alguém sem avisar e bagunça com tudo ,se instala , toma conta dos pensamentos, faz esquecer um amor inventado antigo... E não te promete nada, mas diz que só vai parar se você pedir. Eu não disse que a vida é uma roda gigante com luzes coloridas que piscam?
Hoje eu não tenho aquelas perguntas que fazem pensar em tudo como da última vez, mas tenho uma xícara vermelha na bolsa e eu ainda não decidi se ela vira um chaveiro ou se a coloco dentro da geladeira fazendo companhia para a TV... Isso me faz lembrar que você ainda não conheceu o meu quarto e é por que mesmo?
Decidi deixar de escutar os conselhos do céu, a garrafa de café não fala mais comigo em sinal de protesto e até o café depois de engasgar desistiu e se calou, aqui não faz frio e nem calor, meu raciocínio está funcionando de um jeito esquisito, minha falta de atenção voltou, mas ainda não comecei a fumar e isso me faz lembrar que ainda não recebi sua última carta. Está vendo? Ele ta de um jeito esquisito. Retomei o velho hábito de andar e andar quando quero pensar e acabei me machucando da última vez, e essa carta vai ser breve ainda não arrumei aquelas coisas todas que te falei e quase tudo virou quase nada ou seria o contrário?
Sabe aqueles balões? Vou me aconselhar com eles, acho que por estarem em suspenso no ar como tudo por aqui eles saberão o que dizer... Não é? A Billie Holiday mandou lembranças, acho que tenho que mudar ela de casa.. Ficar sem espaço e lugar não é muito bom, tenho percebido isso, pois ela está mudando de cor. Lembra do telegrama que te mandei falando da saudade de ser sozinho e assim não ter que dar satisfações e nem explicações? Então, ela ainda continua por aqui e tem me tentado a sumir um pouco , deixar de estar por um tempo e retomar aquele velho hábito que tanto insistimos que não deve voltar acontecer.
Enfim, eu já escrevi bem melhor, eu já me expressei bem melhor, até os meus silêncios já foram melhores, mas é que ainda não arrumei tudo por aqui e nós sabemos que no final tudo vira Arte ou poesia... E da janela eu me vejo observado duas crianças e uma bola e ao fundo algumas roupas coloridas no varal compõe o cenário.

Um Beijo com batom vermelho no espelho.

T.A

Ps: Têm um rádio ligado tocando músicas que não são do nosso país e elas não são do meu gosto e nem do seu , mas me fez lembrar da calma que perdi quando decidi esbarrar os meus pés em outros pés por debaixo da mesa, hoje não tenho nada de Caio F. para lhe oferecer,mas tenho guarda-chuvas, capuccino e girassóis .

5.9.11

“Amor não tem garantia mas tem devolução. Pode começar do nada, pode acabar de repente, pode não ter fim. Mas tem sempre o meio. O amor é isso que você está vendo: Hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será.”


- Caio Fernando Abreu
 
“Acho que não precisava ser assim. É tudo tão forte, tão profundo, tão bonito, não precisava doer como dói. Eu não podia apenas sorrir quando me lembrasse de você? Mas acontece tipo assim: lembro do seu rosto, do seu abraço, do seu cheiro, do seu olhar, do seu beijo e começo a sorrir, é assim mesmo, automático, como se tivesse uma parte do meu cérebro que me fizesse por um instante a pessoa mais feliz do mundo, mas que só você, de algum modo, fosse capaz de ativar. Eu sei, é lindo. Mas logo em seguida, quando penso em quão longe você está sinto-me despedaçar por inteira. Sabe a sensação de arrancar um doce de uma criança? Pois é, sou essa criança. E dói. Uma dor cujo único remédio é a sua presença. Então sigo assim, penso em você, sorrio, sofro e rezo, peço pra Deus cuidar da gente, amenizar essa dor e trazer logo a minha cura.”

- Caio Fernando Abreu.





- Caio Fernando Abreu.



“E de repente a vida te vira do avesso, e você descobre que o avesso, é o seu lado certo.”

— Gabito Nunes




“ O imprevisto acontece e alguém te encontra. E te reencontra. Te reinventa. Te reencanta. Te recomeça.”

18.8.11



[...]
"Tenho as malas  prontas e  uma Saudade do que ainda está por vir ."
“Vai menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem não tem o que perder. Como quem não aposta. Como quem brinca somente. Vai, esquece do mundo. Molha os pés na poça. Mergulha no que te dá vontade. Que a vida não espera por você. Abraça o que te faz sorrir. Sonha que é de graça. Não espere. Promessas, vão e vem. Planos, se desfazem. Regras, você as dita. Palavras, o vento leva. Distância, só existe pra quem quer. Sonhos, se realizam, ou não. Os olhos se fecham um dia, pra sempre. E o que importa você sabe, menina. É o quão isso te faz sorrir. E só.”


- Caio Fernando Abreu.
“Tão difícil deixar fluir. Mas é o que precisa ser feito agora. Virar barquinho, mesmo. Relaxar e observar o caminho, a paisagem. E assim vamos fluindo… Correnteza leve, por favor. Que não estamos assim muito prontos pra grandes tormentas. Tá tudo bem na verdade. É só uma questão de se encontrar. Porque as vezes eu me perco e fico me procurando, e não me acho. Mas quem sabe assim, deixando que a água vá me levando, não dá certo, né? Deus dará…”




- Caio Fernando Abreu.


“Levanta dessa cama garota. Anda! Sei que tá doendo, mas levanta. Coloca uma roupa. Passa a maquiagem. Arruma esse cabelo. Ajeita a armadura. Segura o coração. Sai por aquela porta. Enfrenta o vento. Sorri pro Sol. Segura o coração. Olha pra ele. Passa reto. Não caia. Não caia. Engole o choro. Fingi de morta quando ele falar com você. Seja fria. Continue andando. Enfrente seus problemas de cara. Reaja. Vai. Tá pensando que é só você que sofre? Tá enganada. Anda menina. Para de ser infantil. A culpa não é de ninguém….Se apaixonou agora segura. Anda. Seja forte. Seja feliz. Seja uma mulher.”




- Caio Fernando Abreu.

5.8.11

Fabrício Carpinejar.




“Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. De alterar o trajeto para apressar encontros. Medo de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Você tem medo de se apaixonar. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo de que ele não precise de você. Medo de que não queira reparti-lo com mais ninguém. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir.”

Adaptação e trechos de Crave, Sarah Kane

“E eu quero … beijar seu rosto, segurar sua mão e sair para andar…
Falar sobre o seu dia e rir da sua paranóia.
E te dar fitas que você não ouve, ver filmes ótimos, ver filmes horríveis.
Te querer pela manhã, mas deixar você dormir mais um pouco.
Te dizer o quanto adoro suas mãos.. seu sorriso.
Me preocupar quando você está atrasado, e ficar surpresa quando você chega cedo…
Me arrepender quando estou errada e ficar feliz quando você me perdoar.
Olhar suas fotos e querer ter te conhecido desde sempre.
Ouvir sua voz no meu ouvido, sentir sua pele na minha pele, e ficar assustada quando você se irritar. E te dizer que você está lindo, e te abraçar quando você estiver ansioso, e te apoiar quando você estiver chateado…
Me derreter quando você sorri, me desarmar quando você ri….
Comprar presentes que você não quer e devolvê-los de novo e de novo.
E te pedir em casamento, e você dizer “não” de novo mas continuar pedindo, porque embora você ache que não era de verdade, sempre foi sério, desde a primeira vez que pedi.
Ando pela cidade pensando. É vazio sem você, mas eu quero o que você quiser e penso:
… Vou contar o pior de mim e tentar dar o melhor de mim porque você não merece nada menos que isso…”
Caio Fernando Abreu




'Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio - tão cansado, tão causado - qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um Caminho. Esse, simples mas proibido agora: o de tocar no outro. Querer um futuro só porque você estará lá, meu amor. O caminho de encontrar num outro humano o mais humilde de nós. Então direi da boca luminosa de ilusão: te amo tanto. E te beijarei fundo molhado, em puro engano de instantes enganosos transitórios - que importa?'