[...]
Tenho várias pessoas ao alcance dos meus olhos, mas não ao alcance das minhas mãos,
Elas mal se conhecem,
Transeuntes, passantes, esperando o momento de chegar e de partir.
Tem um casal de mãos dadas,
Tem um homem de braços cruzados,
Na espera, ele deu um sorriso, mas sorriu para quem?
Se é Sozinho.
O Senhor de cachecol branco faz a sua leitura...
Uns São bem Distantes,
Outros nem sabem ao certo para onde vão,
A estrutura fria de metal e concreto deixa bem claro que todos estão de passagem,
Aqui não é um lugar para ficar, lá do lado de fora, talvez.
Os ponteiros do relógio apontam nove horas,
Daqui a pouco é a minha hora,
Para quem sabe outro dia voltar,
Embarque na Plataforma tal, desembarque aonde seu coração apontar.
Para que voltar?
Por que não ficar?
Seria então, voltar ao velho e conhecido por medo de se entregar ao novo?
Talvez seja pelo frio, Talvez só seja.
O moço do sorriso já se foi. É a sua vez de partir,
O livro do senhor do cachecol está quase chegando ao fim,
As pessoas continuam indo e vindo incessantemente,
É improvável que eu as conheça,
Em uma outra Vida ,quem sabe.
Talvez eu volte a sentar bem aqui, na sétima cadeira azul da esquerda para direita da segunda fileira...
Sete é o meu numero,
Sempre foi.
Minha poltrona é a 29.
“Casa comigo e tenha dois filhos?” foi o pensamento que me veio agora.
Lembrei também daquele vinho que ainda ao tomamos.
A seta branca aponta para baixo,
A mão vermelha me distrai,
Onde está o dono da cidade?
Onde foi parar?
Tem um casal de Homens fingindo o que não são a duas cadeiras de mim.
Bandeirinhas coloridas anunciam o fim de junho.
Faltam só alguns dias para o meu DESANIVERSÁRIO.
Eu gosto da teoria do menos um,
Não me assusta ,me faz querer mais.
Sabe aquele desejo escondido? Ele está aqui.
E a seta continua apontando para baixo.
Eu não leio Clarisse.
Não sou tudo isso que lhe parece.
Mas posso ser bem mais.
Eles estão apaixonados ao perbeber isso lembrei da fala daquele filme, o último que assistimos lembra?: “Eu te amo, porque para que as pessoas entendessem o nosso amor teriam que virar o mundo de cabeça para baixo”.
Era mais ou menos isso...
Anunciam a minha partida,
A minha chegada vai dizer alguma coisa.
A cadeira azul me quer aqui,
Mas o meu velho passado-presente me espera de braços abertos,
Lá eu não sinto frio,
De onde surgiu essa pomba?
Ela é preta e branca, mas não tem céu por aqui...
Sinto um calor do lado esquerdo das costas,
Eu sei bem o que é.
Tem um moço de vermelho e azul morando aqui,
Mas lembra? Aqui não é lugar de morar,
Ele quer ir embora, mas só tem o RG.
Ele só deseja comer, para quem sabe mais tarde deixar de estar.
Assim como eu, como o moço do sorriso, o senhor do cachecol, o casal que finge que não são um casal, as malas vermelhas, azuis, pretas e cinzas, as caixas, as luzes,
Pois, nada aqui pertence ao aqui.
A criança de rosa chora quem sabe é ela que expõe do seu jeito o sentimento que permeia este lugar.
Quanto é uma passagem para Camaquã?
Compro só a de ida?...
Não, a de volta também já que esse sonho não é o meu...
Partiu !! Para quem sabe o mês que vem voltar.
Afinal, até as malhas vermelhas vão parar em algum lugar.
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São Paulo, três de julho, faz frio e o horário tanto faz.
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